A suspensão da vida adulta

31-08-2017 Posted by Comportamento 0 thoughts on “A suspensão da vida adulta”

Há muita discussão sobre os choques de gerações, sobre a “nova” vida adulta. Talvez porque o acesso à tecnologia esteja transformando tudo muito rápido. Inclusive o comportamento das pessoas. As mudanças provocadas pela quarta revolução industrial preocupa os jovens. E isso provoca, atualmente, novos conflitos.

De certa forma, olhar para o futuro parece sombrio. As capacidades produtivas transformadas em atividades de computadores e máquinas, baixos salários e as incertezas do que vem pela frente faz com que a temida “crise da meia idade” seja antecipada. A geração conhecida como Millennials vem tentando prolongar a juventude. O fenômeno vem sendo chamado de suspended adulthood.

Apenas para termos uma ideia de como os jovens estão insatisfeitos com o modelo atual, a Young Women’s Trust encomendou uma pesquisa ao Populus Data Solutions. O estudo descobriu que, na Grã-Bretanha, 42% dos jovens descrevem-se como desgastados, 47% sem autoconfiança e 51% preocupados com o futuro. Fonte

A situação se agrava quando olhamos especificamente para o público feminino. O percentual de mulheres que relataram falta de autoconfiança foi de 54%, enquanto o de homens jovens chega a 39%. Soma-se a isso a questão do envelhecimento geral da população, que também desconfigura o cenário que encontramos no mercado hoje.

São números muito altos. Principalmente se encararmos que a faixa etária que diz isso – jovens de 18 a 30 anos – estão em um momento que, em teoria, é o mais pleno da vida. Aquele em que se decide aventurar, conhecer pessoas, construir uma carreira. Enfim, é um período turbulento, mas ávido. O que torna o resultado do levantamento ainda mais assustador.

Consolidação do perfil

Ah, ok. Mas o que isso tem a ver com o marketing da minha empresa? Primeiro porque hoje precisamos entender muito mais de comportamento humano – e não só de tecnologia. Não podemos nos esquecer de que o digital e suas plataformas são meios. Segundo porque essa fase da vida é a que vai formar o perfil do consumidor.

Quando muito jovem, o indivíduo dificilmente tem poder de compra. Mas é nesse período que ele vai  estabelecer o estilo de vida que vai ter. É o momento de definir princípios que vão conduzir a vida – e também os hábitos de consumo. Isso é uma regra para todos? Não. Mas há uma certa padronização pelos modelos atuais de vida social.

As diferenças de comportamentos dos jovens da atualidade – especialmente quando comparadas com o ditos Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) estão postas. É o que aponta o consolidado de estudos conduzidos pela Nielsen entre 2013 e 2016.

vida adulta

Alguns estudos demonstram que as novas gerações de Millennials e Next (ou como alguns preferem chamar de geração Z) vão ultrapassar, já em 2025, a população de baby boomers em mercados maduros, como o dos Estados Unidos.

Pode não parecer muita coisa. Mas a mudança de uma geração para a outra provoca alterações significativas na forma de pensar a vida. E isso certamente vai transformar completamente a forma de expor uma marca e criar relacionamento.

Nova direção

A confiança e vivacidade de quem está entre 18 e 30 anos estão se perdendo ao longo da história. Enfrentar os desafios da modernidade (ou pós-modernidade) não parece algo simples ou fácil. Nunca foi, mas os recursos e a forma como tudo anda acelerado parecem gerar mais pânico e indecisão em uma fase da vida tão crítica.

Foi-se o tempo de sair rapidamente da casa dos pais, tocar a própria vida. Mas tudo parece muito confuso. Ao passo em que prorrogam o fato de encarar a vida adulta sozinhos, também buscam aproveitar o momento, o agora e, em muitos casos, até de forma bastante juvenil. Acampamentos de verão são um exemplo disso.

É estranho dizer, mas eles estão mais conectados e parecem menos sociáveis. Mas ao mesmo tempo vivem uma vida extremamente sociável nos meios digitais. A experiência física recebe novos significados. Facilidade, comodidade, mas também simplicidade passam a fazer parte da rotina.

Há outra mudança cultural também em curso. O minimalismo – tema de um documentário com pessoas que vivem com o menor número de coisas possíveis – também vem ganhando corpo ao longo dos últimos anos. É quase que um combate ao consumismo desenfreado a que somos impostos hoje em dia.

Enfim, consegui te convencer de que é mais do que necessário acompanhar este movimento todo entre as gerações?



Helena Sordili

Atua na área de design há quase 20 anos. Há 15 anos desenvolve projetos de design digital como sócia da Carranca Design, onde trabalha na direção de arte e atendimento aos clientes.

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